O Ministério da Saúde, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília, realiza em Corumbá e na região de fronteira o Censo da Força de Trabalho na Saúde. O levantamento, em fase de campo desde junho, busca identificar quem são os trabalhadores do setor, público e privado, e mapear suas qualificações, vínculos e perspectivas profissionais.
Segundo Dilene Ebeling Vendramini Duran, auditora da Saúde e articuladora regional do projeto, a iniciativa nasceu da constatação, no pós-pandemia, de que o país não possuía informações detalhadas sobre sua mão de obra na área. “É como o Censo do IBGE, mas voltado para os profissionais da saúde. Queremos saber quem são, como atuam, quais são suas especializações e quantos estão em cada território”, afirmou.
O projeto começou em novembro de 2024, com a seleção e a formação de recenseadores, e desde junho está em fase de entrevistas presenciais. Em Corumbá, o trabalho iniciou nas unidades públicas de atenção primária, intermediária e especializada. A etapa seguinte será dedicada ao setor privado, incluindo hospitais, consultórios, farmácias, laboratórios e clínicas de fisioterapia e odontologia. Estabelecimentos veterinários não fazem parte do escopo.
A coleta de dados é individual e inclui informações sensíveis, como raça, gênero, faixa salarial e projeções de permanência ou mudança de emprego nos próximos 12 meses. “O objetivo é dar visibilidade a todos os trabalhadores, do médico ao pessoal da limpeza, muitas vezes invisibilizados. Todos compõem a força de trabalho da saúde”, destacou Dilene.
Eduardo Clink Miriuk, técnico de Apoio em Auditoria da Saúde e recenseador do projeto, explicou que o levantamento também funciona como etapa final de um curso de pós-graduação vinculado ao censo. Os dados, após sistematização, serão devolvidos às secretarias municipais e estaduais, servindo de base para políticas públicas e ajustes na oferta de serviços. O outro recenseador do projeto é Jackson Wilson Uchoa de Oliveira.
O Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal foram escolhidos como projetos-piloto. O prazo de conclusão da etapa de campo é 20 de outubro. A expectativa é que o material sirva de referência para decisões sobre a formação de profissionais e o planejamento da rede de saúde.
Para Corumbá e os municípios de Ladário e Miranda, que integram a macrorregião de saúde, a perspectiva é que o censo revele o perfil detalhado dos trabalhadores e permita ajustes nas políticas locais, tanto no setor público quanto no privado.
Dilene reforça o apelo para que clínicas e consultórios privados recebam os recenseadores: “Não se trata de fiscalização, mas de um levantamento que vai beneficiar os próprios serviços e a população. São poucos minutos de entrevista que podem fazer diferença no planejamento da saúde na região”.