Lançada em Corumbá na noite desta quinta-feira, 10 de agosto, a campanha “Seu silêncio pode matar você”, é um importante instrumento para encorajar as mulheres, vítimas de violência, à denunciarem os casos de agressão. A avaliação é da primeira-dama e secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania, Amanda Balancieri Iunes.
“É uma iniciativa importante que vem somar com as ações do Município. Quanto maior alcance tiver, vamos atingir o objetivo de encorajar as mulheres denunciarem, não ficarem caladas”, disse a secretária de Assistência Social e Cidadania. A campanha do Ministério Público tem a parceria da Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania.
Amanda lembrou que a Patrulha Maria da Penha (PMP), criada pela Prefeitura, hoje é referência em Mato Grosso do Sul. “É um trabalho de quatro anos e que hoje colhemos os frutos do bom serviço prestado”. A PMP atende mulheres que possuem Medidas Protetivas de Urgência deferidas ao seu favor. Os acompanhamentos são realizados diariamente por Guardas Municipais, através de visitas domiciliares, ligações, mensagens de whatsapp e acompanhamento do oficial de justiça que hoje é o diferencial, pois juntos realizam a notificação da vítima e do autor.
O promotor de Justiça de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, Pedro de Oliveira Magalhães, destacou a qualidade do serviço prestado pela Patrulha Maria da Penha em Corumbá. “Faz um excelente trabalho aqui em Corumba, muitas vidas são salvas pelo trabalho da Patrulha Maria da Penha. Muitas vezes, aqui em Corumbá, a Patrulha socorre vítimas que precisam daquele atendimento na hora”, afirmou o supervisor das Promotorias Criminais.
Corumbá é a terceira cidade do Estado a divulgar, para a população local a campanha que é inédita no País, pois conta com a atuação de quatro importantes núcleos do Ministério Público – da Cidadania,do Júri,da Violência Doméstica e o de Apoio às Vítimas – e tem como finalidade unir esforços entre o poder público e a sociedade civil, para construir uma relação de confiança entre a mulher e as inúmeras redes de apoio.
Embaixador da campanha “Seu silêncio pode matar você”, o ator Raul Gazolla participou do lançamento em Corumbá. “É uma iniciativa de grande importância. Na maioria das vezes, as mulheres romantizam a pressão e, até mesmo, a agressão que o homem faz no relacionamento. Se ela não entender que aquilo vai num crescente e que pode chegar à morte, vamos ter mais feminicídios no país. A campanha traz esclarecimento para aquela mulher que está num relacionamento abusivo. Quando ela começa a entender, ela começa a buscar ajuda, primeiro psicológica, para saber que ela não precisa passar por isso e, que se ela tiver medida protetiva contra aquele agressor, a vida dela pode mudar para muito melhor”, disse o ator.
Coordenadora Adjunta do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (NOJÚRI), a promotora de Justiça, Lívia Carla Guadanhim Bariani, uma das idealizadoras da campanha, o que é o ciclo da violência e mostrou sobre a rede de apoio criada para acolher a mulher em situação de violência doméstica. A promotora apresentou toda a campanha e a importância de as instituições públicas de cada município do Estado aderirem à ação, pois esta é uma das formas de levar às mulheres, e à sociedade, informações que ajudem no combate à violência contra a mulher.
“Temos ainda que fazer uma construção social do que é essa violência doméstica. A sociedade espera que essa mulher tenha registrado boletim de ocorrência, que tenha contado para todo mundo que ela sofre violência doméstica, sendo que isso na maioria das veze não acontece. Essa violência acontece dentro da casa dela, do ambiente que ela se sente segura. Muitas vezes a sociedade acaba colocando, ainda, a culpa na mulher, às vezes uma traição ou uma forma como a mulher se portou. Não importa a forma ou o que ela fez, nenhuma mulher merece morrer em razão disso. Temos que enfrentar essa questão do preconceito social, que tanto homens e mulheres ainda têm. É estrutural, a gente vem de anos de patriarcado, em que o homem sempre esteve superior à mulher e, como disseram aqui, a questão da posse, da subjugação da mulher. É isso que precisa ser tratado, ser tratado na educação desde criança, mostrar para a criança que menino e menina têm os mesmos diretos e deveres. Só desta forma vamos conseguir ter uma sociedade melhor”, disse a promotora de Justiça.